Que nós vivemos num mundo insano e competitivo todo mundo sabe. Temos que ter o maior salário, o melhor emprego, a casa mais legal, o AP mais bem decorado, o cabelo mais liso, as roupas mais bem alinhadas, o marido mais gato, a alimentação mais saudável, o Iphone mais novo, e claro, nessa linha, nossos filhos devem ser os mais inteligentes e precoces da face da terra. Sim, porque qual mãe quer ter um bebê "atrasado", não é? Queremos bebês que crescem na velocidade da luz. Que com 4 anos pedem a chave de casa e com 7 vão morar sozinhos e de preferência, aprovados em Harvard.
Pausa. Stop. E como diriam os saudosistas, vamos rebobinar essa fita.
Eu, Tatiane, mãe do Pedro, nado na contramão dessa corrente.
Detesto, abomino que tentem adultizar meu filho. E aos pais que fazem isso, só posso dizer que lamento. É uma pena acelerar o que deve acontecer no tempo certo. E eu acredito que tudo o que nossos filhos aprendem ou tomam gosto é porque nós, os responsáveis por ele, permitimos. Não acredito que os "bebês de hoje já nascem espertos". Balela.
Por exemplo, Pedro Lucas foi um bebê que ficou deitado no colo até se firmar o bastante pra ficar de pé. Só mesmo ficava de pé, apoiado em meu peito pra arrotar e voltava pra posição de bebê, enrolado no charutinho de manta. Nunca reclamou. Certa vez, uma mulher me reclamou que a bebê dela, de umas 3 semanas, não "gostava" de ficar deitada. Quando eu observei com calma, vi que toda a família a pegava em pé. A garota acostumou. Mas daí a dizer que ela prefere, por conta própria, é outra história.
E os exemplos não param por aí. Uma avó de outra menininha, uns 2 meses mais nova que meu filho veio toda orgulhosa me mostrar a neta e dizer que ela já tinha saído das fraldas. E que a menina escolhia a roupa que ia vestir todos os dias. A menina viu minha boca com batom, passou o dedo e levou na boca dela. E me mostrou os pequenos dedinhos pintados de rosa. -"Ah, é muito vaidosa" - Disse a avó.
Eu ri, achei bonitinha, e talz...mas fiquei penalizada. Ainda é um bebê e está se portando feito uma adolescente.
Por aqui, PL usa fraldas e vai usar até estar pronto pra tirá-las. Não tenho pressa. Se a comunicação verbal dele continuar nesse ritmo crescente que está, ensaiamos um desfralde quando chegar o verão. Sem pressa. No tempo dele. E roupas aqui, ele só escolhe mesmo é a fantasia de índio pelado. Sai do banho todos os dias e quer virar índio, correndo pelado pela casa. De resto, ele nem liga.
E assim vamos indo. Meu filho, com quase 2 anos, não sabe o que é dinheiro. Não ensinei. Acho feio esse negócio de "Pede Real, neném". No tempo dele, saberá.
Não é questão de bolha, que aliás, sou completamente contra criar criança dentro da bolha de um mundo perfeito. Acho que proteção em demasia não é saudável. É puramente uma questão de não participar da corrida do filho mais precoce. Eu prefiro deixar que ele cresça no tempo dele. Andou de fato e efeito, aos 14 meses. E eu escutei tanta groselha! Que fulaninho andou com 8 meses, que ciclaninho andou na festa do primeiro aniversário, e blábláblá, deixei de prestar atenção. E fora que né, ele não engatinhava, rastejava de bundinha no chão. E isso era a morte pra algumas mães. Cheguei a ouvir aqui no play do condomínio que depois que ele crescesse, ia regredir e querer engatinhar. Enfim. Nunca treinei tanto fazer a egípcia, como depois que virei mãe.
E por aí, como você lida com a "adultização" de nossas crianças?