Eles formavam uma família há poucos meses, mas a idéia ainda não lhes tinha ocorrido. Até que andavam por entre as prateleiras de uma loja de variedades e deram de cara com árvores. Pequenas, grandes, coloridas, verdes, brancas, cheia de bolas, enfeites e então se apaixonaram. Sim, depararam-se com árvores de natal, pinheirinho pra uns, simplesmente árvore para outros. Era tanto brilho, luzes e magia, que eles não resistiram e adquiriram o primeiro exemplar de tronco e folhas de suas vidas.
Chegaram em casa e ainda era meados de outubro, mas logo montaram o monumento natalino bem ali, na entrada da sala de estar. Ela encarregou-se de escolher a bolinha que cada galho receberia, cada pequeno embrulho, cada estrelinha. Ele ficou com a difícil tarefa de instalar o pisca-pisca que claro, não poderia faltar. Luzes, câmera, ação: a árvore deles ganhou vida, e piscava num ritmo constante.
O casal ficou orgulhoso e feliz porque agora viviam em um lar completo, muito familiar como todos deveriam ser.
A partir daí, inauguraram outra tradição: rechear os pés da árvore com presentes que só seriam abertos na noite de natal, claro.
Embrulhos grandes, pequenos, coloridos, disfarçados, todos iam pra debaixo da moça de galhos verdes, a espera do grande momento.
E assim foi passando os dias. Todas as vezes que eles olhavam para a pequenina, mas imponente lembravam-se que eram sim, uma família feliz. Pequena, criando ainda hábitos e costumes, mas muito, muito feliz.
E após todos os festejos, pacotes abertos, presentes e abraços recebidos, ela foi desmontada. Mas deixou a certeza de que no próximo ano voltaria, e como não poderia deixar de ser, seguindo a tradição de acrescentar em sua decoração uma peça nova.