quinta-feira, 24 de abril de 2014

O nascimento de Helena



39 semanas e um dia. Foi o tempo de gestação da pequena Helena. Nasceu numa quinta-feira, 06 de fevereiro de 2014, em um dos verões mais quentes da nossa história.
Foi como devia ser. Como nós achamos que seria melhor pra nossa família. Na segunda que antecedeu o parto, deixamos acertado com a médica. Se não entrasse em TP até quinta, faríamos o parto naquela noite. Ali eu sabia que seria então esse o dia do nascimento da pequena. Um misto de medo e ansiedade tomou conta de mim, que só sabia chorar. Decepção por marcar a hora, justo eu que sempre condenei a prática. Mas o fato é que seria o melhor. Não estava nas melhores condições. Nem físicas e nem psicológicas. Fato que ficou claro na consulta de segunda que durou quase uma hora e dona doutora não sabia mais o que fazer para que eu parasse de chorar. Enfim. Poucas pessoas souberam do que ia acontecer. 
Um medo enorme chamado Pedro Lucas me assombrava. Pensei e repensei nas estratégias para que ele se sentisse o menos "abandonado" possível. O levei na escola normalmente, dirigindo como todos os dias, e depois fui arrumar o que ainda estava pendente. Vovó o pegaria na escola, daria banho, janta e depois iria para o hospital. Eu fazia questão que ele estivesse por perto. 
Marido chegou e rumamos para o hospital no final da tarde.
Eu estava tensa. Queria que acabasse logo e me culpava por isso. Quando desci (ou subi, juro que não sei) para o centro cirúrgico, marido foi se paramentar e fui para uma sala de pré-parto. Enfermeira ofereceu ligar a TV. Eu recusei. Foi a melhor escolha que fiz. Ali, no silêncio do CC, eu senti a paz que tanto procurava. Era um silêncio acolhedor. Pra mim, foi o bálsamo que precisava pra me tranquilizar. Eu iria entrar em uma nova cesárea e ia sair bem e saudável pra cuidar dos meus dois filhos. Era certo. O medo caia por terra. Era isso que bastava, e todo o resto virou, efetivamente, resto.
Marido entrou. Logo, o médico auxiliar veio se apresentar. Trocamos umas palavras e ele se foi. Veio a enfermeira e lá fomos nós.
O curioso de se passar por um procedimento cirúrgico pela segunda vez, é que da primeira você não sabe direito o que vai acontecer, e não encana tanto. Na segunda, você acha que tudo vai dar errado, e entra em pane. Loucura total. 
E assim, às 20:29h Helena chegou neste mundo. 46 cm e 3.135 kg. Fofa, linda e forte! 
Depois da recuperação, fui levada de volta ao quarto, onde logo chegaram mamãe, marido e Pedro Lucas. Eufórico, correndo, meio assustado com tanta novidade, ele me olhou com curiosidade, conversamos sobre a chegada da Heleninha, e eu vi que tinha feito o melhor pelos meus pequenos. Pedro esteve nos bastidores o tempo todo. Viu a irmã assim que ela desceu para o berçário, viu o banho, me viu logo após o parto, viu onde a mamãe estava e foi embora tranquilo. Dormiria sozinho com o papai naquela noite. Meu coração estava em paz.Vovó dormiu comigo e Helena ficou conosco a noite toda. 
Na sexta-feira algumas coisas saíram do controle. Não conosco. Mas tivemos uma morte na família e marido precisou viajar. Infelizmente uma das bisas de Helena não conseguiu conhecê-la. 
A viagem dele desestruturou nosso esquema para o bem-estar do PL. Mas improvisamos bem, e com ajuda de minha irmã e mãe, tudo deu certo. 
Domingo de manhã estávamos indo pra casa. Dessa vez com a família completa.
Todo o medo, angústia, e preocupação deram espaço à gratidão a Deus por tudo que ele nos deu. 
Tudo o que eu não planejei, mas aconteceu. Muita coisa saiu do curso normal, coisas que eu não queria relatar. Tentei várias vezes escrever sobre o nascimento de Helena e depois desisti. Porque queria só escrever coisas boas. Mas depois entendi. Não adianta tentar descrever uma cena de cinema. Porque não foi assim. A vida real não é um comercial de margarina, infelizmente.
 Mas é assim., com altos, baixos, imprevistos e tal. Mas foi lindo. Da maneira como tinha de ser.
E hoje, vendo um bebê tão saudável e feliz em casa, voltei a ter certeza das minhas escolhas e me lembrei de algo muito legal que ouvi na época em que Pedro nasceu: o nascimento é só o portal da vida. Ali é o ponto de partida. Apenas a partida. Sou agora responsável por todo o percurso que minha filha vai percorrer. E vou fazer com que seja o melhor possível.
Bem-vinda, filha!
Não te garanto somente momentos bons, porque não tenho total controle sobre isso. Mas garanto meu colo e meu abraço sempre que a vida lhe machucar!