quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pequeno Grande Homem


Ele estava ali já há bastante tempo. No mesmo cantinho, quieto, com olhinhos pequenos e apertados, que mal identifico se estão abertos ou fechados. Educado, sempre se levanta para cumprimentar de pé os que chegam. Educação de outrora, quase perdida nos dias de hoje. Poucas palavras, introspectivo, por vezes distraído, certamente culpa de tudo o que já viu e ouviu nessa longa jornada.
Quando aceitou Jesus em sua vida, contava 81 anos. Decidiu se entregar, mas foi logo avisando: “Não tenho estudo nenhum, vai precisar?”. Eu ouvi e abri um sorriso, amo de paixão essa pureza que sai de dentro do coração de alguns.
A resposta foi negativa, pra se entregar, basta querer. E assim ele o fez. Um banho nas águas e se tornava um cristão. Lavado e remido.
Tanto tempo ali, e eu não havia parado pra observar a beleza de seus gestos. Até ontem. Num repente, olhei com atenção e aquele senhor, já em idade avançada, um músico, de longa data, e muitos trabalhos vida afora. Com seu Triângulo em punho, acompanhava lindamente as batidas de todas as músicas ali entoadas. Parei para ouvir com atenção e além de escutar, vi seus movimentos, a precisão de suas mãozinhas pequenas e certeiras. Quanto talento escondido numa criatura tão pequenina. Cada acorde era feito precisamente, e eu pensei em porque nunca tinha reparado em tamanho talento.
Mas fiquei feliz por ter ao menos ontem, observado a essência deste senhor tão amável, que já idoso resolveu dedicar seu talento a Deus, e brindar nossos ouvidos com sua melodia.
Cada dia me convenço mais que a beleza da vida se revela quando menos espero. Quer saber? Que assim seja todos os dias. Uma pequena descoberta diária pra me fazer acreditar que a humanidade ainda vale a pena.
Ao senhor José, minha admiração e agradecimento.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Resolvi falar de Amor

Resolvi falar de amor. Mas não o amor de corações vermelhos usados pra vender produtos caros na TV.
Quero falar de amor de todo dia. Amor que cresce e fortalece mesmo na rotina.
Amor que nem sempre liga pra datas, mas que presenteia quando tem vontade. Que não escreve cartões, e nem precisa. Cada dia é uma declaração de amor.
Amor que compreende sua falta de tempo, e quando o dele sobra, faz as tarefas domésticas no seu lugar, sem reclamar por isso.
Amor que enfrenta filas, lojas cheias, supermercado, e mesmo assim não perde o bom humor.
Aliás, amor e humor andam lado a lado, rimando não só apenas na fonética. Porque amor de verdade ri dos problemas, ri da careta que você fez na foto, faz piada do seu arroz que empapou sem fazer dramas por isso.
Sabe por que? Amor verdadeiro não se prende a perfeição, porque sabe que esta não existe. Amor mesmo é companheiro, na praia, no consultório médico, na segunda-feira, no sábado, em casa, na igreja e onde quer que esteja.
Ele faz questão de estar ao seu lado somente por estar, apenas porque te escolheu para caminhar juntos. E Todo o resto, seja o que for, deve vir pra somar, e que se dane os protótipos de amor de novela, pois este sim, é ilusão.
Amor de novela é bom na ficção, mas quem em sã consciência agüenta brigas, términos, voltas, traições, recaídas, mais brigas, mais términos...Ufa....Amor de verdade senta com você pra ver o casal da novela, e rir dele, por ser tão caricato. Aponta 200 erros na mesma cena, mas mesmo assim entende que você gosta de ver aquilo pra relaxar. E minhas palavras hoje fazem apelo para que todo mundo viva um amor de verdade. Acorde despenteada e com bafinho, mas ainda assim feliz. Porque amor de verdade sabe que você não é perfeita, não é feita de plástico, tem TPM, crises de existência, mas apesar de tudo não te troca por nenhuma estrela perfeita de Hollywood

P.S - Perdoem as inúmeras repetições da palavra Amor, mas a intenção hoje é reforçá-la mesmo...juro que não é falta de revisão da maluqinha que vos escreve...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A árvore

Eles formavam uma família há poucos meses, mas a idéia ainda não lhes tinha ocorrido. Até que andavam por entre as prateleiras de uma loja de variedades e deram de cara com árvores. Pequenas, grandes, coloridas, verdes, brancas, cheia de bolas, enfeites e então se apaixonaram. Sim, depararam-se com árvores de natal, pinheirinho pra uns, simplesmente árvore para outros. Era tanto brilho, luzes e magia, que eles não resistiram e adquiriram o primeiro exemplar de tronco e folhas de suas vidas.
Chegaram em casa e ainda era meados de outubro, mas logo montaram o monumento natalino bem ali, na entrada da sala de estar. Ela encarregou-se de escolher a bolinha que cada galho receberia, cada pequeno embrulho, cada estrelinha. Ele ficou com a difícil tarefa de instalar o pisca-pisca que claro, não poderia faltar. Luzes, câmera, ação: a árvore deles ganhou vida, e piscava num ritmo constante.
O casal ficou orgulhoso e feliz porque agora viviam em um lar completo, muito familiar como todos deveriam ser.
A partir daí, inauguraram outra tradição: rechear os pés da árvore com presentes que só seriam abertos na noite de natal, claro.
Embrulhos grandes, pequenos, coloridos, disfarçados, todos iam pra debaixo da moça de galhos verdes, a espera do grande momento.
E assim foi passando os dias. Todas as vezes que eles olhavam para a pequenina, mas imponente lembravam-se que eram sim, uma família feliz. Pequena, criando ainda hábitos e costumes, mas muito, muito feliz.
E após todos os festejos, pacotes abertos, presentes e abraços recebidos, ela foi desmontada. Mas deixou a certeza de que no próximo ano voltaria, e como não poderia deixar de ser, seguindo a tradição de acrescentar em sua decoração uma peça nova.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Eu Cresci...

Em algum momento da vida você percebe que cresceu. Normalmente é quando:

- Passa a ter insônia ao invés de dormir até meio-dia;
- Tem problemas e sua mãe ou família não estão por perto para ajudar;
- Você passa mais horas no escritório do que em casa e sabe que está perdendo um tempo precioso, mas precisar trabalhar;
- Ao invés de escrever um diário e rechear com fotos de artistas, pensa: Que besteira, e eu já fiz isso!;
- Quando as fotos de seus 15 anos começam a amarelar e você pergunta: “Quem é essa moça aqui no canto?”;
- Você se emociona ao contar um fato da sua infância, e pensa como o tempo passa depressa;
- Quando os ursos de pelúcia tão queridos de outrora estão jogados no quarto da bagunça, você os vê e lembra que precisa dar um jeito nisso;
- Começa a se preocupar com o futuro, ou o que resta dele e acha que desperdiçou um tempo precioso nas baladas furadas, amizades interesseiras, namoricos de verão, entre outras bobagens;
- Quando se preocupa no meio da tarde com o que vai preparar de jantar; descabela-se pois não tirou a carne do freezer, mas mantém a postura e o sorriso educado diante do chefe;
- Olha no espelho e vê um sinal que você jura que é marca de expressão (ou pior, pé de galinha, rugas, coisas assim);
- Quando o médico lhe recomenda parar com a vida sedentária antes que as doenças oportunistas ataquem; e você pensa que pra fazer exercícios, só se o dia tiver 26 horas;
- Você se pega imaginando como será o seu bebê, que carinha terá, e de repente se lembra que do jeito que vamos, seu rebento vai encontrar um mundo bem pior do que este, onde faltará água, sobrará lixo e aí você pensa se é mesmo uma boa idéia perpetuar sua espécie.

P.S: Eu admito. Há um certo pessimismo e sarcasmo nestes itens aí de cima, mas eu juro que quando estou elétrica como se tivesse enfiado o dedo na tomada, não consigo pensar muito positivo e tudo ganha proporções gigantescas.
Ah, e qualquer semelhança com estes e-mails que circulam na net não deve ser mera coincidência, depois de anos recebendo a mesma corrente de 20 amigos diferentes, ela gruda em nossas mentes, se misturando aos nossos pensamentos. Ou será que estou exagerando de novo?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Apenas um comentário, sobre seus olhos

Olhava dentro dos seus olhos, e enquanto via minha própria imagem refletida neles pensei que ali, bem dentro deles havia dois milagres, duas vidas que se fundiram com a sua. Pensei no que elas viram, o que seus olhos buscavam enquanto tinham um coração a bater, quais seriam seus anseios, desejos e deleites. Será que a vida fora generosa com elas? Tiveram tempo de realizar todos os sonhos ou deixaram coisas por fazer? Confesso que em mim o assunto desperta curiosidade, mas também gratidão. Sinto-me grata a pessoas que eu nem conheci, mas que foram vitais para minha vida, já que devolveram a você a chance de ver a vida com todas as suas cores, perfeições e imperfeições.
Confio na sabedora Divina e sei que tudo tem seu propósito, e o delas talvez tenha sido exatamente lhe devolver a visão perfeita, lhe tirar do mundo de sombras ao qual estaria condenado.
Abençoadas sejam as boas almas que não se importam em guardar aquilo que não lhes será mais útil, abençoados também sejam seus familiares que se lembraram de ajudar o próximo mesmo quando existia neles a dor latente da perda.
Quanto a você e seus olhos, espero que brilhem por uma longa vida, sempre refletindo neles a minha imagem.
Imagem essa embriagada de amor, carinho e orgulho por ter alguém tão vencedor ao meu lado.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Machado, sempre Machado

Hoje completa-se 100 anos de morte de Machado de Assis.
Joaquim Maria Machado de Assis, pobre, mulato, foi um típico brasileiro que venceu sozinho. Sem recursos e diante de uma enorme vontade de adquirir conhecimento, aprendeu sozinho línguas como Inglês e Francês, entendia de política ao ponto de criticar com propriedade o governo da época. Era uma figura ímpar, que criou textos e personagens belíssimos que nos transportam para um mundo incrivelmente atraente.
Nada que eu ou qualquer um de nós fale expressa o tamanho do talento deste homem. Fico imaginando o que se passou na sua cabeça enquanto escrevia Dom Casmurro e criava "traição"
de Capitu. Suponho que nem mesmo ele tenha decidido se a moça foi fiel ou não, deixando a cargo dos leitores a conclusão. Delicioso, interativo, genial...é tudo que falta nesta era de livrinhos de "auto-ajuda" que vivemos.
E sabe de uma coisa? Eu acredito cegamente na fidelidade da moça de olhos de ressaca.
E viva Machado hoje, amanhã e daqui mais 100 anos. Tomara que os netos de meus netos saibam quem foi esta figura.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Troféu Competência 2008

- Muito boa noite, senhores e senhoras. Agradeço aos presentes que nesta noite abrilhantam nossa festa! Sem mais delongas, vamos ao momento mais esperado, a entrega dos prêmios...Afinal, foi para isso que nos reunimos hoje!!!

- (Rs ....rs...rsss. risos forçados da platéia)

- Na categoria “Vou estar verificando”: A única, inigualável, aquela em que a operadora diz :”Senhora, sua linha está bloqueada, mas não consta nenhum defeito. Vamos estar verificando em até 48 horas. Gostaria de estar recebendo o número de seu protocolo via torpedo? Vai estar chegando em até 24 horas !!!”Ela mesmo, a super star, Craro !!!!

- (Clap Clap....aplausos da platéia seguido da entrega do prêmio...choro ... etc e tal....)

- Agora na categoria “Informação Inútil é comigo”: Aquela que dentre as suas concorrentes é tida como a melhor, aquela que reduziu o preço de seus cartuchos porque é muito nobre..., Aquela onde o atendente diz: “Senhor, entra em nosso site e procura na lista o driver que o sr. necessita, mas já vou lhe avisar que lá não tem, o sr. não vai encontrar.” A supra sumo das marcas de impressão: Lexmarka !!!

- (Mais aplausos da platéia, seguido de comoção e lágrimas no canto do olho !)

- Agora na categoria “Eu faço o cliente de otário mesmo!”, a ganhadora de mais troféus ao longo desta premiação, imbatível, aquela em que o operador diz: “A senhora deve estar tirando o telefone da tomada. Tem extensão? Com fio ou sem fio? Tira da tomada. Espere 5 minutos e ligue de novo. Já deixou? Pode desligar seu Modem? Tira da tomada também. Ok, não resolveu? Vou estar abrindo um chamado.” E aí quando você acha que já foi feita de palhaça o bastante, alguém bate a sua porta, porque eles tem enganadores em domicílio! É fantástico. O funcionário olha e diz: “Senhora, vim arrumar seu modem. Estava quebrado não é? Não? Como assim? Está aqui na sua ficha!”
- Só pode ser ela platéia... A grande Telefon-zica!! Sempre, em primeiríssimo lugar, porque eles se esforçam para se manter no topo de nossa lista.

- (Mais comoção e lágrimas na entrega do prêmio seguido de muitos aplausos da platéia.).

- E assim termina a premiação deste ano, mas não se iluda, ano que vem tem mais!

Escrito a pedido do Esposo, que passou os últimos dias indignado com o tratamento recebido nos SACs e Suportes on-line da vida. Tentamos, mas não foi desta vez que conseguimos resolver o problema sem ficarmos extremamente irritados!! Ah, só para constar, quem resolveu o caso da impressora foi esposo mesmo...inteligente esse moço...deve ser por isso que se casou comigo...hihihihi !!!



segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Meu Bebê


5 anos e meio. Esse tempo nos separava. Eu podia tê-la jogado do berço, por exemplo, mas não o fiz. Motivo teria, ora essa! Era a filha única, neta única, sobrinha única, tudo era meu. Por que então agora teria que dividir tudo com ela?
Mas assim aconteceu. O bebê gorducho e de olhos tão azuis quanto os meus chegou. E se instalou de mala e cuia em minha vida, e de toda a família. Audácia pura.
Agora não havia mais nada a fazer. A não ser dividir tudo, quarto, brinquedos, mamãe. Esperar o leite ferver ao lado do fogão, tarde da noite, preparando seu “Cremogema” sabor morango. Era preciso colaborar. Emprestar meus brinquedos. Parte difícil essa, pois o ser minúsculo e bochechudo era também destruidor. Certa feita, eu tinha na caixa ainda e com os plásticos de proteção do cabelinho lindo e loiro intactos, uma boneca que engatinhava, andava, pedalava na bicicleta e ainda cavalgava num cavalinho. Teríamos uma longa amizade e mil brincadeiras, não fosse o fato do pequeno ser ter arrancado o braço de minha boneca, sem dó nem piedade.
Assim o tempo passou, entre brigas e brincadeiras, segredos compartilhados, bons momentos, outros nem tanto. A vida nos separou, ela teve o prazer de morar com a vovó, bom, eu também o tive em certos momentos, muitos, aliás, mas essa é outra história.
O bebê cresceu, tornou-se uma mocinha bonita, popular, de quem todos queriam ser amigos. O telefone era sempre pra ela, mil compromissos, sorrisos, paqueras, corações partidos (por ela). Roupas cor de rosa, pink, e suas variantes davam o tom da “Penélope Charmosa” que o bebê pentelho se tornou. Sempre fazendo sucesso, deu-nos alguns sustos, que me fizeram perceber que ela era sim, deveras importante, e que eu defenderia sua vida como ou mais faço com a minha.
Muitos namoricos e agitos depois, a mocinha encontra um mocinho parecido com ela no jeitinho leve de levar a vida, meio ao sabor do vento, e passou a agir estranhamente. Sua vida social foi mudando, seus planos também, amigos e agitos foram deixados de lado, e quando menos esperei, lá estava a garota: calma, tranqüila e devotada a uma única pessoa: seu namorado.
Este depois ganhou o título de noivo, e a vida seguiu. Muita coisa aconteceu, e embora ela ainda pareça o mesmo bebê gorducho de sempre, a mocinha hoje está de casamento marcado.
Meu bebê, aquela que é minha cópia aloirada, a quem eu tanto quis ensinar e defender estará em breve se tornando uma “senhora”.
Irmãzinha, quando foi que você se tornou adulta o suficiente pra assumir tal compromisso? De onde tirou tantas certezas nessa vida? Onde eu estava que não vi a vida correr desse jeito?
Ontem a vi reclamando que o noivo é um “pidão”, que para tudo quer sua ajuda, e ri secretamente. Você não sabe o que está por vir. Um casamento faz com que os pedidos tripliquem de tamanho, a todas as horas. Mas tem suas compensações minha linda, você verá!
Quanto a mim, espero ter pela vida afora milhões de outros motivos para sentar e escrever sobre sua vida cor-de-rosa, suas vontades e manias, e principalmente sobre a nova família que irá começar !!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Reflexões no Coletivo

Num espreme-aperta, enlouquecedor e sem nada pra fazer, a não ser ter paciência, pus-me a divagar, deixar o pensamento voar. (Isso ajudaria a esquecer o peso de minha sacola, que segurava com esforço).
Por que as pessoas fingem que dormem? Somos todos livres, independentes, usufruímos o livre-arbítrio, nascemos com o direito à vida irrevogável (até o primeiro calibre 38 desvairado atrás de dinheiro fácil.). Então por que precisamos fingir que dormimos para não ajudar o próximo?
A senhora perto dos 40 anos, bonita e cheia de anéis nos dedos abre os olhos, segura-se durante as freadas, depois joga a cabeça pra trás, fecha os olhos e volta a sonhar com os anjos. Próxima curva, o mesmo ritual. Abre os olhos, verifica onde está. Longe ainda de casa. Volta a dormir. Ignorando solenemente aqueles que estão em situação desfavorável, em pé e carregando peso.
O moço ao lado, um pouco mais novo e com um nariz mais avantajado faz o mesmo, mas não disfarça tão bem e permite-se olhar em volta, como que curioso pela situação e pelas pessoas ali tão próximas. Igualmente não faz nada para ajudar.
A jovem estudante se equilibra com sua pilha de cadernos nas mãos, enorme bolsa nos ombros, salto e maquiagem impecáveis, segura-se como pode. Outra mais novinha segura-se com uma mão e com a outra atende ao telefone celular. Mamãe. Convite para ir ao shopping recusado. A mocinha prefere malhar na academia a curtir umas horinhas vendo vitrine com a matriarca da família.
Assim todos vão chegando aos seus destinos. Uns fingindo que dormem, outros fingindo que acreditam.
Eu, tento acreditar que aqueles que fingem um sono “profundo”, o fazem por cansaço, e não por maldade. Porque se não atribuir essa falta de consciência coletiva ao fardo que carregamos diariamente, chegaria novamente a conclusão de que o ser humano não tem respeito com seu próximo. E mesmo tendo esta verdade esfregada na cara todos os dias em diversas situações, estou sempre tentando acreditar e dar novo voto de confiança a nossa espécie tão peculiar.
Eu mesmo devo ter feito isso em algum momento. Afinal, quem não tiver pecado que atire a primeira pedra.
Um dia de estresse, de problemas no trabalho, ou mesmo por distração já devo ter deixado alguém carregar suas sacolas como bem pudesse fazer.
Mas minhas reflexões não apagam minha decepção por naquele dia, naquela hora em que precisava chegar rápido por isso optei por ir em pé, não achei nenhuma criatura capaz de ajudar.
E sabem de quem é a culpa?
Da Fiat, que faz um carro tão frágil e propenso a quebrar, que de novo me deixou a pé. Ou melhor, de lotação.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Amizade, simples assim...

Engraçado como às vezes um fato corriqueiro trás à tona lembranças adormecidas. Assim foi num dia desses. A TV exibia um filme que me lembro ter sido motivo de muito riso e identificação entre mim e uma grande amiga. Parecia a história de nossas vidas, foi o que dissemos ao vê-lo pela primeira vez, e repetimos sempre que o assunto era o tal filme.
Embalada nessa atmosfera nostálgica parei para lembrar da importância de se ter amigos nesta vida, e de como fui e sou feliz por tê-los. Poderia contar milhares de histórias para ilustrar melhor o que quero dizer. Histórias que aconteceram ao longo de minha existência, sempre em boa companhia.
Fecho os olhos e ainda posso ver. Risadas na sala de aula, manhãs tardes e noites inteiras dedicadas à bagunça, festinhas e baladas aos sábados, música tema da paixonite do mês, anel da sorte, bilhetes, cartas e fotos, códigos secretos que só nós entendíamos, ciúme do namorado novo, da colega de classe, mapas que nunca sabíamos usar, mesmo assim sempre chegamos ao destino certo, par ou ímpar no cinema, dias de sol, sal, praia, protetor solar, barraca molhada estragando aquele feriado tão planejado, muitos gatinhos, bolachinha pra enganar a fome, conversas de horas ao telefone... Poderia estender a lista por muitas páginas, mas não é preciso. Quem tem ou teve um amigo de verdade, pode entender o que digo. Pedacinhos de vida que são eternizados por que foram divididos com um grande companheiro. Por que afinal, o que mais valioso podemos guardar além de momentos felizes? Situações que nenhuma câmera consegue fotografar, mas que nossa memória jamais esquecerá. E se você não pode entender uma crise de riso sem motivo algum entre dois amigos, deveria rever seus conceitos. Está lhe faltando algo essencial na vida. Descobrir o valor de uma amizade verdadeira.

P.S - Reedição de um texto antigo, que já foi publicado na 1 Antologia Literária do grupo de escritores da UNIABC...hoje eu diria que "Em todo tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão" Provérbios 17:17.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Metamorfose

Olho no espelho e não me reconheço. Onde está a força, o ímpeto, a decisão que existia em cada pedacinho de meu rosto?
Vejo um semblante que não é o meu. Mas agora é. Dá pra entender? Agora vejo a suavidade que tanto disfarcei, vejo um sorriso discreto sempre a nascer, vejo mansidão, vejo paz de espírito.
E a culpa é sua. Que chegou devagarzinho e foi trocando tudo de lugar. Revirou a mobília do meu mundo. Sacudiu a poeira, jogou fora velhas lembranças. Quem lhe deu o direito de fazer isso? Eu?!?!. Ah, ta. Agora lembrei. Assinei embaixo na redecoração de minha alma no dia em que você me abriu aquele sorriso lindo, e me fez esquecer de quem eu era.
Hoje sou você, sou eu, sou a gente, nem sei mais quem sou. Virei a mistura de nós. Sou seu otimismo e minha garra, sou sua calma e minha energia. Sua paz e meu desatino, seu riso e minha lágrima – que há tempos não cai – Sou a mistura da sua música e da minha poesia, sou uma metamorfose como diria Raul, ambulante.
Hoje não sou quem era, mas quem sempre quis ser. Hoje sou você, a quem sempre procurei, hoje sou eu, a quem sempre escondi. Hoje sou a gente, mais do que tudo.

P.S - Este texto é uma reedição de uma das primeiras declarações de amor escritas que fiz para meu amado. É sempre pra você amor!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Quem dera ele pudesse me ouvir ...

Diversas vezes eu entrei e ele estava lá. Mesa do fundo. Quieto, grisalho, semblante triste de quem tem o pensamento longe e só está ali por estar. Esbocei um sorriso algumas vezes, o retorno foi desconfiado, como quem procura saber o motivo da gentileza.
Naquele dia foi diferente. Ousei perguntar para alguém próximo quem era, pois todas as vezes que olhava pra ele, lembrava de você, meu vô. E descobri que a sua história e a dele, eram parecidas. Com uma diferença. Ele está aqui e você já se foi.
Bateu-me uma saudade tão grande naquele instante, que lágrimas rolaram mesmo eu me esforçando para segura-las. Detesto ser fraca.
Comecei a pensar em você, que já não está conosco há bastante tempo, e confesso que mal consegui terminar o almoço, que teimava em não descer pela garganta.
Lembrei de tudo que passamos, tantos momentos, uns lá do começo da minha infância, onde você queria cortar minhas unhas e eu, já dando mostras de um temperamento difícil dizia que não. Não queria unhas curtas. Relembrei da fase difícil quando a vó se foi e você ficou perdido, tal qual uma criança, e daí em diante perdeu o rumo. Lembrei das brigas na difícil fase de adaptação quando moramos juntos. Eu sei, não foi fácil pra ninguém. Quantas vezes discutimos, falamos alto, você me mandou embora duas vezes. Mas eu não fui. Melhor pra mim, que teria morrido de remorso depois. Mas também tivemos momentos bons, de paz, de trégua, assistimos Roberto Leal juntos, já quase no fim de tudo e vi você chorar de saudade. Hoje quem chora sou eu. Ainda tenho o último presente que você me deu, um vestido “pra ir à igreja com o moço”. O moço hoje é meu marido vô, e você teria muito orgulho disso. Eu até aprendi a cozinhar, olha que benção. Manuseio o liquidificador, a batedeira, a máquina de lavar, viu como não era tarde pra aprender? Nunca mais fiz o molho que você gostava. Nem a sopinha de Fidellini, mas sempre me lembro de como você gostava dessas coisas, e cito pra quem estiver ao meu lado, assim as memórias ficam sempre frescas.
Queria muito que você estivesse aqui hoje. Queria que pudesse me ver, queria desfazer tanta coisa, e fazer outras tantas, mas sei que não é possível. Se você estivesse em casa, iria te dar um abraço. Ou talvez não. Acho que ficaria mesmo na porta do seu quarto, observando seu sono, e vendo sua respiração. E tendo a certeza de que está bem, tal qual fiz tantas vezes.
Sei que não pode mais me ouvir, mas dizer estas palavras é uma forma de amenizar o que sinto agora, e quem sabe um dia, lá na Gloria do Pai não nos vemos de novo, e aí quem sabe posso te dar aquele abraço.
Vou seguindo a vida, guardando as memórias, e te relembrando sempre, porque aqui dentro de mim, você ainda vive, casmurro e teimoso como sempre, afinal de quem acha que eu herdei este gênio difícil ?

domingo, 27 de julho de 2008

Tempo

Cruel e implacável. Decidido e determinante. Assim ele é. Senhor de tudo alimenta paixões, mas também as destrói. Mata de saudade, mas serve de mercúrio-cromo amenizando as dores e fechando feridas. Sempre em frente, nunca volta atrás nem se arrepende.
Marcha todos os dias rumo ao novo, ao desconhecido, rumo ao futuro. Leva para longe as lembranças da infância, oferece um tom amarelado para as nossas melhores recordações, por mais que tentemos evitar.
Há quem tente de tudo para vence-lo, ciência, auto-ajuda, medicina, indústria química, mas é tudo em vão. Parar esta força não compete a nós meros mortais temerosos.
O que será isso que passa sem ser percebido e deixa marcas em rostos e corações?
Não conseguimos detê-lo, nem retarda-lo, apenas viver da melhor forma possível.
Do que falo? Ora, senão é ele, o tempo. Tempo que vai, mas nunca volta.
Força que todos os dias escapa entre as mãos, tempo que me fez aprender que bom mesmo ( com a licença do poeta ), é que seja eterno enquanto dure.

domingo, 13 de julho de 2008

Metrô

Num vai e vem constante ele passa. Leva pessoas de um canto a outro. Encurtando distâncias com incrível velocidade. Benefício das metrópoles para a massa que todos os dias se locomove pela cidade. Grande e eficiente Metrô.
Paro e observo, vejo mais do que isso. Rostos anônimos de fato, mas cada um com uma trajetória, com um desejo, uma dor, ou uma alegria.
Ao lado vejo a moça que solitária e vaidosa não para de olhar para si mesma através de um pequeno espelho. O que será que tanto busca? Talvez suas verdades, quem sabe?
Mais a frente um casal. Pouca conversa, muitas malas, expressão de cansaço e nenhum traço de alegria.
Em outro canto vejo um grupo animado que ri sem se importar em fazer barulho. Trajam roupas diferentes. Não se pode negar que eles pertencem a uma tribo com estilo muito próprio.
Para onde olhar vejo misturas: branco, negro, paulista, nordestino, novo, velho, bonito, f eio, triste, feliz, cansado, esperançoso. Cada qual com sua história única e verdadeira, que ocupa um pequeno espaço no grande trem apenas de passagem. Vidas que invadem um cenário por duas ou três estações e depois se vão para dar lugar à outra história. Não menos importante, nem menos anônima. Apenas mais uma a ocupar os bancos do metrô.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Não era eu

Dia desses achei diversos rascunhos de textos que escrevi há tempos atrás. Alguns de anos. Quatro, cinco ou mais.
Parei pra ler e decidi por todos no lixo. Piquei em pedaços.
Muito do que estava ali não falava de mim...E sim de uma estranha, com pensamentos confusos, esquisitos, tristes. Eram como se alguém muito diferente tivesse escrito. Havia sonhos que caíram por terra, lembranças que se perderam no tempo, pessoas que tive que me esforçar pra lembrar quem eram, definitivamente aquela vida descrita ali não era minha. Nada se parecia com o que eu penso e faço hoje.
Claro que encontrei resquícios de mim. Pequenos fragmentos que afirmavam que sim, eu os tinha escrito, mas os conteúdos não condiziam mais com a realidade.
E sabe qual o motivo disso tudo? O tempo passou, eu cresci, evoluí, criei asas e voei. Pode parecer clichê, e é, mas a vida anda pra frente, e a minha não andou. Correu.
O que antes era angústia, novidade e trazia medo, hoje é minha doce realidade, muitos fantasmas como solidão, tristeza, saudade, foram sumariamente aniquilados,certezas que não tinha hoje são fatos, pessoas importantes se mostraram nem tão indispensáveis assim, tudo assumiu outras dimensões.
Fico pensando como o tempo nos torna diferentes sem que percebamos. Um estalar de dedos e tudo se faz novo. E essa é a graça da vida. Somos mutáveis. Não como meus heróis preferidos Wolverine, Tempestade, Vampira, e toda a turminha “X”. Somos mutáveis pela ação do tempo que vai nos moldando segundo os acontecimentos, e nos tornando melhores. Experiências amargas doem, mas são importantes no aprendizado. E experiências boas, hora ou outra saem de cena, para que outras aconteçam.
É isso, ontem a incerteza e o medo de ficar sozinha a vida inteira, hoje uma vida a dois reconfortante e feliz. No passado um desejo enorme de adentrar uma universidade e ser chamada de caloura, hoje um diploma na mão, mesmo que não saiba exatamente o que fazer com ele.
E assim a vida segue, ensinando, empurrando, acontecendo sem que ninguém se dê conta de seu caráter transformador e mágico. Segue de forma que quando olho minhas lembranças vejo uma desconhecida, que me faz lembrar que o tempo é sim um “santo remédio”, ministrado de forma sutil.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pré-conceito é falta de conhecimento....

O preconceito nasce da ignorância. Da pura falta de conhecimento vem o famoso pré-conceito.
O ser humano tem o hábito desagradável de julgar o que não conhece, discutir sem conhecimento de causa, e o resultado acaba sendo desastroso.
Há alguns meses entrava no ar uma novela com um núcleo evangélico. Música tema, cenário particular de igreja de bairro, parecia uma idéia inteligente, retratar uma realidade que não se pode disfarçar, a do crescimento da população protestante no Brasil.
Mas aos poucos a idéia foi se tornando tosca e estereotipada. Personagens pudicos e moralistas, com falas e trejeitos que não condizem com a realidade das igrejas, uma enxurrada de aleluias no meio das conversa, pastor desejando boa noite ao final do “culto”, coisas absurdas que não vemos dentro de nossas igrejas.
O que poderia ser útil para desmistificar nossa religião, ainda tão combatida, acabou se tornando mais uma gozação, uma brincadeira de mau gosto com a fé alheia. No meio de tudo isso pudemos observar um templo de candomblé ou algo do gênero fazendo frente ao núcleo evangélico sempre como calmo, sereno, e sério, enquanto que os protestantes andavam feios, tristes, com roupas escuras, fora de moda, abatidos.
Gente, não somos assim. Usamos roupas coloridas, sorrimos, cantamos, passeamos e nos divertimos. Somos iguais a todos. Um pastor muito sábio e conhecedor da Palavra, chamado Sérgio Lopes, diz em uma de suas composições: “O que eu quero é também o que você quer, amor e um bom emprego....fazer um churrasco pra juntar, minha galera”.
Não podemos ser vítimas de preconceito religioso em meados do ano de 2008, num país livre como o nosso.
Como num repente os dois núcleos foram banidos da novela, mas alguns personagens foram mantidos, ainda estereotipados. E nos últimos dias surge a nova polêmica, a personagem “evangélica”, é solteirona, arrogante, preconceituosa, triste, e resolve incitar um linchamento de pessoas que tem uma vida particular promíscua.
A questão é que o meu Deus, o Deus dos crentes, (pode dizer sem medo de ser preconceituoso, crente é todo aquele que crê, e até o diabo é crente, pois acredita piamente no Senhor que ele desafiou lá no início da criação), enviou seu filho ao mundo justamente para ensinar a amar, para nos fazer melhor, para nos redimir de nossos pecados. O próprio Jesus quando teve oportunidade de julgar a prostituta disse “Aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra”. (Evangelho de João cap. 08 vers. 07).
Então, vamos deixar de lado a hipocrisia, a agressão gratuita que sofremos, a guerra pela audiência das TVs, e tudo o mais que não nos é importante e vamos nos concentrar naquilo que devemos. Nosso ministério, a obra que Deus confiou em nossas mãos, vamos desligar a TV e se ligar no Céu, para que ele se abra e derrame benção e unção.
De resto, deixemos que falem, que brinquem, que zombem. O Senhor também adverte sobre mexer com os seus na sua palavra: “Não toqueis os meus ungidos e aos profetas não façais mal”.(I Crônicas cap. 16 vers. 22) O trabalhar é Dele, e, no tempo certo Ele cobrará.

(Este texto é uma reedição do meu blog anterior, que publiquei novamente, pois ontem visitava um blog já querido por mim, quando me deparei com um comentário preconceituoso e mal educado da escritora sobre religião, manifestei que preconceito não era legal seja lá sobre o que for, e a moça reagiu como uma criança mimada...o que me fez excluir o tal blog dos meus favoritos...acho que falar mal sobre o que não se conhece é falta de sabedoria, e de educação mesmo).

domingo, 22 de junho de 2008

Essa noite você me assustou

Essa noite você me assustou. Acordei e não sabia ao certo onde estava. Logo me lembrei. Estou em minha nova vida, nova casa, nova cama, neste momento até eu sou nova, sou outra.
Paro e penso em tudo o que aconteceu. Tudo mudou em tão pouco tempo, chego a ficar zonza, embora esteja feliz.
Ainda lembro do que pensei quando voltei do nosso primeiro encontro: “Menina, você não aprende. Vai quebrar a cara de novo, parece criança”.
Hoje me pego pensando em como serão as nossas crianças, fazendo planos que nunca antes imaginei, nem nos melhores sonhos.
Tudo que vivemos tem gosto de novidade, e aos olhos de muitos parece loucura, mas cada detalhe desta nova vida me faz feliz: Dormir e acordar juntos, dizer “Eu te amo, vai com Deus” cada vez que vai ao trabalho, sentar para jantar e ouvir como foi seu dia, contar o meu, e chegar à conclusão de que é bom estar em casa, finalmente. Louça lavada em dupla, compras no mercado, contas a pagar, filminho com pipoca no sábado à noite, tomar banho junto, perder a hora do trabalho, chocolate de sobremesa, caixas e caixas de cereal, roupa manchada na máquina de lavar, ataque de riso pra comemorar o quanto estamos felizes.
Vivo uma fase de descobertas, que às vezes são estranhas, confesso que me assusto com tanta novidade.
Todos dizem, “aproveita, isso passa...”, mas prefiro acreditar que conosco será sempre assim, perfeito.
Perfeito porque felicidade não exige grandes eventos, ou solenidades...Ela se encontra nos pequenos detalhes de uma vida corrida e agitada, como a nossa.
Quando perguntada se estou feliz, sinto vontade de responder “olha, mais um pouco e saio flutuando”.Tantas coisas busquei no mundo, e nada achei, até que vi em você aquilo que tanto ansiei: nossa vidinha, tão nossa, tão apaixonada, tão saborosa, e abençoada por Deus, que é o mais importante.
Essa noite você me assustou, e depois me confortou, e eu espero que continue a fazer o mesmo em todas as noites de nossa vida.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Informes Infames

Chego em casa e lá estão eles. Enroladinhos, serelepes ou jogados ao sabor do vento. Confesso que no início achava interessante, ficara interada sobre as “novidades” comerciais do bairro, mas já não os tolero.
Pouco a pouco percebi que servem mesmo para duas coisas: Atrapalhar o serviço doméstico desta que vos fala, o que já uma afronta, pois assim como a maioria massacrante das mulheres, possuo jornada dupla de trabalho, e o mais grave, agredir aquele que já está cansado e machucado, nosso meio ambiente.
Você chega em casa todos os dias e se depara com uma montanha de panfletos, folders, jornais, sobre os mais variados assuntos: a mercearia da esquina, com “promoções imperdíveis”, a pizzaria com uma super oferta “compre pizza, ganhe o refrigerante”, o fornecedor de galão de água (mineral???), a cartomante que faz e desfaz (essa deve ser a pior), enfim, toda a sorte de propagandas e anúncios.
Sei que comerciantes precisam anunciar seu produto, e nem todos podem bancar a Vênus Platinada em horário nobre, mas será que precisamos mesmo desta avalanche de papéis emporcalhando tudo? Quem disse que eu e meu portão gostamos destes “adereços” enfiados na pobre grade? E mais ainda, se gostamos, um não seria suficiente? Pois posso ver três ou quatro iguais, lado a lado.
Isso tem me causado revolta em dose dupla. Atraso meu trabalho de limpeza e arrumação do lar doce lar, e de quebra, vejo bueiros entupidos em dia de chuva, ruas sujas, papéis voando sem direção na ventania, fora às milhares de árvores que foram derrubadas pra impressão dos tais papéis informativos.
Falta consciência social e moral para os srs. “empresários”, que gastam seu precioso dinheiro com tais publicações.
Não sou especialista no assunto, mas acho que devem existir boas estratégias de marketing que não sejam sujar a cidade com milhares de folhetos e suas notas de rodapé.
Como sou apenas uma, não posso mudar o mundo, mas posso boicotar tal sistema a minha maneira, e é o que faço. Esses senhores ditos homens de negócios me informam de seus mercadinho e afins...Eu tomo nota direitinho onde fica e.... Passo bem longe deles. Assim tenho certeza de que eu não estou colaborando com esse descaso.

domingo, 15 de junho de 2008

Ataques, Xiliques e Grosserias

Eventualmente nos deparamos com situações embaraçosas, causadas por pessoas um pouco tensas, digamos. Há muito perdemos a paciência e ao menor sinal de transtorno ( que muitas vezes nem existe), estouramos.
No trânsito, no trabalho, na fila do banco, no restaurante, sempre é tempo para um ataque de nervos.
Isto nos faz pensar porque as pessoas perdem a calma tão facilmente. Será desgaste pela correria do dia a dia, serão problemas em casa, no trabalho, ou estamos mesmo é perdendo o respeito pelo nosso semelhante?
Se pararmos pra pensar, esses ataques contra o próximo provém da falta de interesse que temos para com ele. Não nos interessa quem ele é, de onde vem o que faz, nem muito menos porque está em nossa frente naquele momento. Só enxergamos o transtorno iminente.
O motorista do carro ao lado, ah, não sabe dirigir, só atrapalha o trânsito, no trabalho meu subordinado não merece respeito, pra que? É só um estagiário. E o caixa do banco? O tratamos como se ele fosse parte da máquina, e o garçom do restaurante, era homem ou mulher? Nem reparei...
Retirando o valor de alguém como ser humano, retira-se por tabela o respeito e atenção que devemos a ela, somente pelo fato de ser um semelhante nosso. Uma vez que isso fosse lembrado, os ataques, xiliques e grosserias seriam evitados em muitos casos. E nós voltaríamos para casa com a agradável sensação de não ter ofendido ninguém. E o garçom, não é que era uma pessoa muito gentil....

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Dia dos Namoridos...eu tenho um !!!

Tudo bem, tudo bem...estou um dia atrasada...mas ontem ficou impraticável !

Mas como sempre é tempo de reparar um erro, aí vai uma pequena homenagem aos namorados e namoridos da vida, que tem a felicidade de ter um companheiro pra chamar de seu... é uma linda canção, que vivencio na prática todos os dias e recomendo. Apaixonem-se!!!

Amor da Minha VidaJota Neto
Composição: Jota Neto/ ed Wilson
Eu já não vejo a hora de chegar em casa
Pra ficar contigo
Eu posso estar distante
Mas você está sempre aqui junto comigo
Me dá uma saudade muito grande
Quando eu estou sozinhoE aí vem a vontade
De correr para os teus braços
Amorzinho, eu agradeço a Deus
Por Ele ter posto você na minha vida
Você nasceu pra mim, eu pra você
Parece até sob medida
Não canso de dizer
Que amo você
Foi DeusQuem abençoou nosso querer
Confesso que estou
Completamente apaixonado por você
Amor da minha vida,
amiga e companheira
Presente que o Senhor mandou pra mim
A quem eu disse sim, pra vida inteira
Eterna namorada
Minha fiel amada
Minha paixão e amor
Meu doce mel
A benção que desceu do céu
Não canso de dizer que amo você
Foi Deus quem abençoou nosso querer
Confesso que estou
Completamente apaixonado por você
Amor da Minha Vida

Tempos de Futilidade

Vivemos em tempos de futilidade. Onde o supérfluo, o raso, e o vazio imperam. Conversas sem conteúdo, apenas para massagear egos inflados pela vaidade, pessoas que agem como se seu semelhante não existisse, e só elas fossem importantes. Que acreditam que a marca de sua bebida é sinal de classe, sem perceber que cara ou barata, tanto faz, o resultado será uma dor de cabeça latente no dia seguinte, e que o melhor da festa, o instante mágico foi perdido no meio da bebedeira.
Vejo um senhor de meia idade e o elejo “troféu futilidade 2007”. Como se precisasse provar que é um ser pensante, prefere discutir o tamanho do arquivo da foto digital, a viver bons momentos que mereçam ser fotografados. Lamentável perder um tempo que não mais voltará.
Paro pra pensar no que será da humanidade nestes dias de ilusão total, e perdida no meio de minha frustração, começo a lembrar de pessoas que não se comportaram assim, de forma tão frívola, e que de alguma forma ficaram guardadas em minha memória.
Por menor que seja o gesto, sinalizar bondade aquece o coração do próximo. Seja a gentileza do caixa do restaurante, que dá boas vindas em nome daquela cidadezinha perdida no mapa, seja do enfermeiro que oferece ajuda quando você está atordoada demais pra pensar em qualquer coisa, do senhor solícito daquela pousada que oferece a sobremesa que acabou de ser servida, seja da nova colega de trabalho que lhe inspira uma empatia boa, que há tempos você não sentia, e se mostra mais amiga e fiel do que tantas outras “amigas” que passaram por sua vida. Pessoas que não tinham a menor obrigação de lhe sorrir, lhe ser gentil, mas que o fizeram porque simplesmente são boas e sabem que daqui, desse mundinho perverso, nada levamos. Então, pra quê pensar só em construir impérios, ostentar riquezas, aparências, se nada disso será pra sempre? “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Evang. Lucas 12: 20). Na ânsia de uma busca de algo que nem mesmo sabem o que é, essas pessoas, mestres da futilidade vão cada vez mais se afastando do que seria o projeto de vida ideal. Amar, ser amado, respeitar, ajudar, temer a Deus, adora-lo, para que possam ter uma vida longínqua e feliz. Será que as pessoas de coração mais puro estão perdendo muito serem boas? Particularmente, acho que não...
(Este texto é uma reedição do post que inaugurou o antigo blog, lá no terra)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Meninas, usai saias !

Longa, média (curta não, porque sou menina direita...), solta, justa, lisa, estampada, moderna ou tradicional, meninas: abusem delas!
Quem já experimentou sabe a delícia e a liberdade de uma saia ou um vestido. Fora à aparência feminina e charmosa que ganham as suas adeptas.
Vamos lá, deixemos de lado a revolução feminina e a calça jeans. Dia bonito? Que tal uma linda saia de florzinhas? Sexta-feira free no trabalho? Vestido longo, com estampas da moda, alegre e jovial. Pronto. Perfeita.
Nós mulheres, namoradas, esposas, mães, filhas, profissionais, na correria do dia a dia acabamos nos esquecendo de nossa essência. Mulher, a sublime criação do Pai, feita para ser “coração”. Então optamos por ser práticas e vestir-se dessa forma e às vezes esquecemos de como é bom sentir-se bonita e leve. Tente.
Depois de uma adolescência escondendo as pernocas na calça jeans, na “calça bailarina” (ta bom... eu admito: fui adolescente nos anos 90) me tornei uma jovem sem vergonha. Calma, apenas digo que perdi a vergonha e um dia arrisquei uma saia pretinha básica, depois uma verdinha, depois um vestido, e um belo dia constatei que não compro uma mísera calça à pelo menos dois anos. E o melhor, nem sinto falta dela. Amo a sensação de vestir uma peça tão ímpar, que me permite sentir-me melhor e mais bonita.
Nos dias em que preciso vestir calças (dias frios, uniforme do trabalho...) sinto-me agoniada, ansiando por tira-la e resgatar minhas roupas de “mulher”.
E para aquelas que ainda não se renderam aos fatos: arrisquem meninas lindas! A sensação de estar bela somada a liberdade de uma saia não tem comparação.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Aventuras Automobilísticas

Na estrada ....

- Olha amor, a placa, é ali.
- Ali onde?
- Naquele portão, olha lá...Buzina pra avisar que chegamos.
- No meio do mato? Nessa escuridão?
- É vai logo.
RRRRRRRRRRRRRRRRRPOUOOU
- Que foi isso amor?
- Foi um galho de árvore. Que acabou de riscar o pára-choque.
- Vou ligar lá e falar pra ela abrir o portão.
Trim Trim Trim
- Alô moça, chegamos. Como assim? Ainda faltam 5Km de estrada de terra? Poxa, até riscamos o carro.....

Na saída do trabalho....

- Vim te buscar amor. Toma, leva o carro.
- Ai que lindo, brigada. Amor,a embreagem deu um estalo.
- Besteira, anda, liga logo e vamos embora.
VRUMMMM VRUMMMM VRUMMMM
TOFFFF
- Amor, acho que o cabo da embreagem já era....
- Encosta, encosta, pára o carro...


Na volta da viagem ....

- Oi pai, chegamos. Ta aqui seu carro. Tchau, obrigado viu...
- Ei filho, o que é isso no pára-choque?
- Isso? Ah é... Foi um galho de árvore que riscou...tava escuro....ah, e também perdemos uma calota e parece que ta vazando óleo. Mas brigadão viu...Quebrou o maior galho. Literalmente.

Durante um passeio ....

- Olha amor, a placa... a Barragem é pra cima, entra aí nessa rua...
- Ah, é...Mas é uma bifurcação. Entro em qual?
- Nessa aqui ó...uhú ! Será que é legal essa barragem?
- Sei lá hein...Vamos subir e ver no que dá...
VRUM ..... VRUM .... VRUM .... VRUM ...................
- Ai amor, ta demorando né...Não chega nunca...É melhor voltar
- Ah não, que isso, já viemos até aqui, vamos subir....
VRUMMM .... VRUMM....VRRUUUUUUUUMMM
- Engraçado, parece que a estrada vai terminar ali ó..
- Peraí..Tem uma placa diz assim: “Aterro municipal – entrada proibida”
- Aterro? Em vez da Barragem, achamos um lixão?
- É...Engraçado né?...peraí que eu vou fotografar. Pára o carro.
- Fotografar o lixão?
- Não né amor, dããã.. a paisagem daqui de cima. Ninguém precisa saber que é a porta do lixão. Ó que bonito!