segunda-feira, 7 de julho de 2008

Não era eu

Dia desses achei diversos rascunhos de textos que escrevi há tempos atrás. Alguns de anos. Quatro, cinco ou mais.
Parei pra ler e decidi por todos no lixo. Piquei em pedaços.
Muito do que estava ali não falava de mim...E sim de uma estranha, com pensamentos confusos, esquisitos, tristes. Eram como se alguém muito diferente tivesse escrito. Havia sonhos que caíram por terra, lembranças que se perderam no tempo, pessoas que tive que me esforçar pra lembrar quem eram, definitivamente aquela vida descrita ali não era minha. Nada se parecia com o que eu penso e faço hoje.
Claro que encontrei resquícios de mim. Pequenos fragmentos que afirmavam que sim, eu os tinha escrito, mas os conteúdos não condiziam mais com a realidade.
E sabe qual o motivo disso tudo? O tempo passou, eu cresci, evoluí, criei asas e voei. Pode parecer clichê, e é, mas a vida anda pra frente, e a minha não andou. Correu.
O que antes era angústia, novidade e trazia medo, hoje é minha doce realidade, muitos fantasmas como solidão, tristeza, saudade, foram sumariamente aniquilados,certezas que não tinha hoje são fatos, pessoas importantes se mostraram nem tão indispensáveis assim, tudo assumiu outras dimensões.
Fico pensando como o tempo nos torna diferentes sem que percebamos. Um estalar de dedos e tudo se faz novo. E essa é a graça da vida. Somos mutáveis. Não como meus heróis preferidos Wolverine, Tempestade, Vampira, e toda a turminha “X”. Somos mutáveis pela ação do tempo que vai nos moldando segundo os acontecimentos, e nos tornando melhores. Experiências amargas doem, mas são importantes no aprendizado. E experiências boas, hora ou outra saem de cena, para que outras aconteçam.
É isso, ontem a incerteza e o medo de ficar sozinha a vida inteira, hoje uma vida a dois reconfortante e feliz. No passado um desejo enorme de adentrar uma universidade e ser chamada de caloura, hoje um diploma na mão, mesmo que não saiba exatamente o que fazer com ele.
E assim a vida segue, ensinando, empurrando, acontecendo sem que ninguém se dê conta de seu caráter transformador e mágico. Segue de forma que quando olho minhas lembranças vejo uma desconhecida, que me faz lembrar que o tempo é sim um “santo remédio”, ministrado de forma sutil.

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